sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dia 1 ou Sobre encontros e confusões...



Era mais um dia de trabalho na boa e velha cidade de Kratas a serviço de minha guilda. Deixei minhas modestas acomodações na não muito gloriosa estalagem Anão Imberbe, finalmente ganhando as ruas ao som de minha adocicada flauta transversal, ao mesmo tempo que observava a multidão típica e rotineira da cidade. Em outros tempos, eu praguejaria para alguma Paixão sobre essa triste sina de peneirar talento nos desertos da mesmice, mas não nesse dia. Hoje, eu tinha uma nobre missão. Talvez a mais nobre já depositada nessa simples elfa que vos fala, desde que resolvi deixar as teorias do mundo em busca de suas práticas. Finalmente, uma aventura capaz de engendrar epopéias dignas de Homeroleliel, o grande aedo do começo dos tempos. Cansada de uma vida de livros e poeira nas profundezas da terra, resolvi pois, por meus talentos à serviço da guilda do Um Olho e eis que, enfim, vislumbrei uma possibilidade.
Ali pela periferia, em um terreno baldio normalmente usado por crianças em suas brincadeiras com bolas, dois indivíduos batalhavam de maneira exdrúxula o suficiente para serem ignorados por todos. Mas não por esse belo par de olhos aqui. Um troll de grande porte e aparência muito pouco amistosa (o que devo assinalar, não deve ser encarado como alguma forma de preconceito contra essa raça) surrava sem qualquer traço de piedade um humano mal vestido e com cara de vagabundo, como é típico dos humanos. Resolvi, então, fazer uso de minha melodiosa voz e de minha viola divinal para inflamar o combate. Eis que, subitamente, o célere e destemido guerreiro humano, com um único ataque, levou o terrível e sanguinolento troll à lona.
Sem mais me conter, levei a eles minhas doces palavras no sentido de mostrar-lhes um destino de glórias lendárias. O humano era mais racional e atendia pela alcunha de Francis Drake. Dizia-se um pirata, muito embora a ausência de um navio e o tipo de serviço que prestava o classificassem muito mais como um marujo. O troll vociferava bastante e só consentiu em me acompanhar graças aos apelos de Drake, pois na verdade ambos eram amigos e a luta não passava de algum tipo de estranha diversão para ambos. Ele chamava-se Massaranduba, certamente o mais estranho nome troll de que já tomei conhecimento desde Weyclerson Dheynne, um acadêmico troll de pouco sucesso.
Acompanhada de meus novos camaradas, rumei para a taverna 5a Feira Negra, meu destino inicial, onde já pretendia contratar um espadachim T'skrang, que observava a alguns dias. Além de possui bastante talento, a vida boêmia e desregrada dele parecia o tempero necessário ao nosso sucesso, Após rápidas palavras que convenceram Portusss, tivemos um súbito contratempo com um meliante anão. Como é próprio dessa raça baixa (mais uma vez, sem qualquer tipo de preconceito embutido ao adjetivo), o serzinho objetivava nos livrar de nossos pertences. Graças à intervenção magnifica de um obsidiman mago chamado Onix e de uma graciosa wingling chamada Hermione, a questão não nos deteve mais do que o tempo necessário para punir o criminoso. Aproveitei o ensejo para acrescer ambos à nossa destemida trupe, fazendo uso de um belo poema:

O amanhã nos levará
Para longe de casa
E ninguém saberá nossos nomes
Mas as canções ficarão
O amanhã levará
O medo de hoje
Que será desfeito
Pela força mágica de nossas canções

Há uma única música
Que resta em minha mente
Contos de um destemido homem
Que vivia longe daqui
Mas agora a música finda
E é tempo de partir
Ninguém quer saber o nome
Daquele
Que conta a história
Mas os que nela estão
Vivem pra sempre...


Levei todos ao encontro de Velion, meu superior imediato, elfo de inquestionável talento, imensurável charme e perfumadas cartas. Ele avisou-nos que nossa missão seria salvar uma carava sitiada por orcs terríveis, malditos e nefastos (reitero a total ausência de preconceitos nas idéias aqui expressas).
No caminho de nossa grandiosa empreitada, fomos atacados por vis salteadores, que buscavam nos cobrar um pedágio por nossa passagem. Vinham à frente deles dois trolls, mas constituiam-se ainda de mais dois humanos, um anão e.. (terror dos terrores..) um elfo. A batalha foi sangrenta. Portusss salvou minha vida da mão cruel de um dos humanos, enquanto Drake derrubou o anão sem titubear. Minha flecha mordaz cegou um dos trolls, mas a besta seguia de pé. Massaranduba foi sangrentamente ferido, mas não arrefeceu e firme como um colosso, entregou-se de corpo e alma à luta.
Fiel à glória reservada à minha destemida trupe, desferi nova flecha, dessa vez em ponto mortal, fazendo tombar o troll. Levavamos a melhor, mas a situação seguia tensa e cheia de suspense.
Por fim, conseguimos derrubar todos os nêmesis quando já restavam de pé apenas Drake, Hermione e eu. O último a cair foi o elfo, perseguido pela lâmina de Drake e por minha flauta, enquanto Hermione cuidava de levantar nossos camaradas feridos. Vimos ser o esse o melhor momento para o repouso e estamos anciosos pelo que o amanhã nos reserva...

2 comentários:

Francis Drake disse...

Querida Mamãe,

Escrevo para mandar notícia de minhas aventuras, já que saí fugido de casa e não tive tempo de me despedir. Espero que o velho não esteja muito chateado por não ter ficado e ajudado com a loja. Então vamos começar.

Depois que nossa casa foi saqueada, decidi andar o mundo em busca de um lugar mais seguro para morarmos. Sei que o velho não aprova e acha perigoso, mas tinha que arriscar. Os teranos não sairão impunes desses ataques.

Mãe, a senhora não vai acreditar, encontrei um Troll Skyrider gente boa. Sei que a senhora deve estar achando estranho, mas é verdade. A maioria dos Trolls são loucos psicopatas sedentos por sangue e ouro, mas o Massa é diferente. Ele está me ajudando, mesmo que ele não tenha idéia, a alcançar meu objetivo. Eu ainda vou tirar vocês dessa lama.

Hoje, eu e o Massa estávamos praticando um pouco de luta e uma coisa estranha aconteceu. Não vou mentir para a senhora, eu estava tomando um pau servido pro Massa, quando chegou uma tia muito louca e começou a tocar flauta. A senhora acredita, flauta ! Com tanta coisa pra tocar e a tia, no meio do quebra pau, tava tocando flauta. Foi tão esquisito que o Massa perdeu a concentração e pela primeira vez na vida, eu derrubei um Troll.

Essa tia elfa nos ofereceu um trampo numa guilda aqui de Kratas. Desde que seja honesto vale né mãe? Bom, desde que começamos já conhecemos novas pessoas com que vamos trabalhar. Temos no grupo um Swordmaster (uma lagartixa bicha que da surra de bunda nos outros) o cara bate com o rabo mão, vê se pode. Encontramos uma fadinha muito doida que nos ajudou a encontrar um anão, filho da puta, que tentava nos roubar. E pra fechar com chave de ouro, um Obsidiman mago. Mãe é como ver um lutador de vale tudo virar manicure, muito comédia o cara.

No mais estou bem, vou arrumar um dinheiro e tento mandar pra vocês. A vida não é fácil para um airsailor da peliferia.

Bjo pra todos e é nois na fita sempre,

Drake.

Salve Jorge disse...
Este comentário foi removido pelo autor.